
Breves reflexões sobre o Summit Press Officer SP
Há mais de 20 anos, quando entrei no universo da comunicação, ainda na faculdade de jornalismo, me deparei com um preconceito que, infelizmente, ainda persiste: o que afirma que “assessor de imprensa não é jornalista”. Eu já passei anos em redações e outros tantos em assessorias de imprensa (onde me encontro desde 2015 com a Lupacom). E posso dizer por experiência própria que uma função complementa a outra.
E, durante o Summit Press Officer, um baita evento bacana realizado recentemente pela colega Lu Pimentel, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a sentença acima foi o pontapé inicial para uma série de discussões e reflexões sobre o nosso papel, nossas dores e nossas responsabilidades, tanto para quem trabalha em redação, quanto para quem atua nas agências.
O evento, que reuniu profissionais de todas as esferas da comunicação, nos lembrou que a assessoria de imprensa é ser um intermediário estratégico entre a informação e o público, em um cenário onde 79% dos brasileiros consomem notícias de maneira online. Ou seja, ignorar o digital como pilar prioritário é um tiro no pé. É essencial que os assessores de imprensa dominem ferramentas como SEO e IA para acompanhar as demandas do jornalismo moderno.
Segundo o jornalista e pesquisador Cido Coelho, 90% das redações utilizam IA em alguma etapa do processo de criação. Estamos diante de uma revolução que já chegou e não espera por ninguém. Alguns exemplos de uso? Recomendações personalizadas ao público, busca de tendências e até múltiplas versões de um mesmo conteúdo, adaptadas para diferentes audiências. Quem não se adaptar ficará para trás.
Relação tóxica
Mas como podemos, enquanto assessores, melhorar nosso relacionamento com os redatores, que frequentemente se sentem sobrecarregados pelas nossas demandas? A resposta, ao que parece, está na personalização. Como disse Fernanda Lara, da Imax, é necessário estudar cada profissional, entender suas preferências e respeitar seu tempo. E ela não só falou, como demonstrou: presenteou cada participante do evento com um copo térmico personalizado, mostrando que o cuidado com o outro é essencial em qualquer relação. Em tempos de automatização, gestos como esses são lembrados.
E não foi só ela. No painel de Leandro Sobral, da Press Manager, vimos que há um abismo entre agencianos e redacienses – como batizou o ótimo Jorge Soufen Junior – quando o assunto é o meio de comunicação preferido. Enquanto os assessores preferem o WhatsApp, os jornalistas de redação clamam pela padronização do bom e velho e-mail. Parece um detalhe, mas é um exemplo claro de como falhamos na comunicação, ironicamente, entre comunicadores.
Além disso, o Summit deixou claro que precisamos pensar além da assessoria de imprensa tradicional. O Guga Peccicacco, especialista em estratégias de RP, falou sobre a importância de expandir nossos serviços, oferecendo soluções que vão além da assessoria de imprensa. Relações Públicas é muito mais abrangente, e compreender o problema de negócio de cada cliente é fundamental para oferecer um serviço realmente valioso.
Por fim, a grande lição que levo deste evento é a de que precisamos nos reinventar constantemente. Não apenas no uso de novas ferramentas, mas na forma como nos relacionamos. Para se aproximar dos redatores, devemos ter em mente três passos essenciais, segundo Jorge Soufen Júnior: a curto prazo, uma boa pauta fala por si só; a médio prazo, contar com a ajuda de colegas é fundamental, já que muitas pautas são emplacadas com a colaboração de outros profissionais; e, a longo prazo, o relacionamento é a chave. Construir confiança é um trabalho diário e demanda paciência.
A comunicação, assim como o mundo, está em constante transformação. Não se trata apenas de adaptar-se às novas ferramentas e tecnologias, mas de construir relações mais saudáveis, transparentes e eficazes. Como ressaltou o Summit, a comunicação pode – e deve – ser menos tóxica. Está nas nossas mãos fazer isso acontecer.
E você, está pronto para mudar?