Iniciativa aposta em tecnologia e colaboração para fortalecer o jornalismo local

Iniciativa aposta em tecnologia e colaboração para fortalecer o jornalismo local

No último sábado, 12/07, eu e a Vanessa Manso estivemos no 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, em São Paulo, a convite do I’Max (parceira da Lupacom no serviço de mailing). Tivemos a oportunidade de assistir à palestra da Fernanda Lara, CEO do I’Max, que trouxe novas luzes sobre o projeto Mais Pelo Jornalismo (MPJ), criado por ela e que surge de verdade como apoio ao jornalismo regionalizado, em meio ao caos que vive o setor ano a ano.

 O MPJ é uma iniciativa estratégica de enfrentamento aos chamados “desertos de notícias”. Um programa que oferece infraestrutura tecnológica completa e gratuita: hospedagem, cibersegurança, SEO e ferramentas para que sites jornalísticos regionais e/ou de pequeno porte possam se manter e crescer em suas comunidades. O objetivo é fomentar até 1.000 portais de notícias em todo o país.

“Mais do que fortalecer o setor diante de um cenário de constante fechamento de veículos de comunicação, o MPJ pretende ser uma rede de apoio mútuo, para que aqueles que são vozes em suas comunidades tenham o respaldo necessário para se manterem relevantes”, explicou.

 Ao longo da palestra, Fernanda trouxe o relato de um dos publishers bolsistas, já integrado à rede. Angelo Batecini, diretor e editor do portal São Marcos Online, destacou a importância do suporte técnico oferecido pelo MPJ, como uma forma de dar oportunidade para o publisher se dedicar de forma mais exclusiva à cobertura jornalística.

Fernanda anunciou também a meta de ter a própria plataforma de publicidade programática até o primeiro trimestre de 2026, com anúncios institucionais que promovam o jornalismo local e destacou iniciativas como o licenciamento de conteúdo para veículos da rede MPJ.

Durante a palestra, ficou claro que o foco do investimento não é apenas em tecnologia, mas em resiliência jornalística. E que, ao colar cada portal de notícias (ou jornalista segmentado) ao ecossistema, o MPJ estáprotegendo a diversidade de vozes, especialmente onde poucos ou nenhum meio cobre. Tudo isso sem abrir mão de padrão, segurança e, é claro, a busca por rentabilidade.

Quer saber mais sobre o MPJ? A Fernanda estará no Lupacast em breve explicando mais a respeito do projeto. Aguarde!

A crise (e as possibilidades) do jornalismo em tempos digitais

A crise (e as possibilidades) do jornalismo em tempos digitais

A cada ano, o Digital News Report (DNR), publicado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, traz um abrangente raio-X do consumo de notícias no mundo. A edição de 2025, lançada na última semana, ouviu 97 mil pessoas em 48 países, incluindo o Brasil, e torna clara uma transição radical: o jornalismo tradicional cede cada vez mais espaço para criadores de conteúdo, influenciadores e plataformas digitais – fenômeno que preocupa quem ainda aposta no papel cívico da imprensa.

O sumário executivo, assinado por Nic Newman, reforça que o jornalismo convencional está perdendo relevância justamente num momento em que o mundo mais precisa de informação confiável. Diante de conflitos, crises climáticas e instabilidade política, é a desinformação – muitas vezes embalada em vídeos curtos e memes – que se espalha com mais rapidez. Plataformas como o TikTok ganham protagonismo no consumo de notícias, para além do público mais jovem, e a inteligência artificial surge como uma ferramenta que pode tanto agilizar o jornalismo quanto minar sua credibilidade.

Do Brasil, os dados confirmam tendências globais: o consumo de notícias via redes sociais segue alto (54%), os jornais impressos e a TV seguem em queda, e o interesse por podcasts se consolida. A confiança no jornalismo por aqui está em 42% – acima da média global, mas em queda quando comparada aos índices de uma década atrás.

Dois olhares sobre o DNR 2025

Dois olhares brasileiros sobre o DNR merecem destaque. O primeiro é do time da newsletter Farol Jornalismo, que acompanha o DNR desde 2014. Em uma leitura crítica e sensível ao contexto brasileiro, os jornalistas destacam a consolidação de um ecossistema midiático alternativo, movido por personalidades, com forte apelo entre jovens e homens brancos – e com enorme influência no debate público. Segundo eles, esse modelo ganhou força especialmente após a eleição de Donald Trump em 2016 e se solidificou com sua reeleição, criando um ambiente onde a imprensa tradicional é substituída por canais “parceiros” que evitam perguntas difíceis e, em muitos casos, espalham desinformação.

Para o Farol, o DNR 2025 evidencia que o jornalismo está “perdendo a relevância e ficando para trás”, principalmente nos EUA, onde as redes sociais ultrapassaram os sites de notícias como principal fonte de informação. No Brasil, embora o cenário não seja tão extremo, também há sinais de alerta: queda contínua no número de leitores de impressos, estagnação na disposição de pagar por notícias e consumo crescente via plataformas digitais, onde o controle editorial é quase nulo.

Apesar disso, o relatório traz pequenas luzes no fim do túnel. A confiança na imprensa se mantém estável globalmente (40%) e o jornalismo local é apontado como um terreno fértil para reconexão com o público. A inteligência artificial também pode ser uma aliada – desde que usada com transparência e sob supervisão humana, como mostram experimentos em países como a Argentina e a Índia.

Mesquita também aponta o enfraquecimento do papel social do jornalismo diante de um público cada vez mais atraído por influenciadores que entregam informação com afeto, identificação e linguagem nativa das plataformas digitais. “As mídias sociais não mataram o jornalismo. Só escancararam sua decadência”, escreve. Para ele, só haverá futuro para o jornalismo se ele reconstruir seu valor para as comunidades e adotar uma nova lógica de atuação, mais participativa, distribuída e centrada nas pessoas.

Reinvenção do propósito do jornalismo

O DNR 2025 deixa um recado claro: o jornalismo não está morto, mas agoniza em boa parte do mundo. Reerguê-lo exige mais do que modelos de negócio sustentáveis ou inovação tecnológica. Mas uma reinvenção de propósito. Como sugerem tanto Rodrigo Mesquita quanto os jornalistas do Farol Jornalismo, é preciso reaprender a ouvir, a dialogar e a servir comunidades que, hoje, estão sendo deixadas para trás.

Talvez o futuro do jornalismo esteja menos em grandes redações e mais nas pequenas conexões. Menos na audiência e mais na escuta. Menos no controle da narrativa e mais no compartilhamento do espaço público com quem, até agora, só foi espectador.

Lupacom completa 10 anos com lançamento de podcast

Lupacom completa 10 anos com lançamento de podcast

Media Training: preparando porta-vozes para o contato com a mídia

Media Training: preparando porta-vozes para o contato com a mídia

Quando pensamos em atletas de elite – que recebem altos salários e grande atenção por conta de sua performance – é impensável imaginar que algum deles alcance esse nível sem treino constante. A excelência exige preparo.
Da mesma forma, executivos que atuam como porta-vozes de suas organizações também precisam se preparar. Treinar a comunicação com a imprensa é essencial para que estejam prontos para representar a empresa com clareza, segurança e estratégia, especialmente em momentos delicados.

O processo de treinamento para porta-vozes é chamado de media training. A proposta é desenvolver “musculatura” com habilidades específicas para tratar com jornalistas. Ao contrário do que muitos fazem parecer, ninguém nasce pronto para lidar com um escândalo ou um jantar de relacionamento com profissionais de imprensa. 

Geralmente, o media training dura um dia e deve ser repetido a cada seis meses para manter a execução das técnicas em dia. Trata-se de um investimento pequeno, se for considerado o ganho em reputação e confiança de clientes, fornecedores, investidores e demais steakholders. Performar mal em um momento de crise, por exemplo, pode levar por água abaixo o trabalho feito por anos pelos times de marketing, publicidade e vendas.

Agora, vamos conhecer os principais pontos do treinamento:

Ambientação

Os executivos são apresentados ao funcionamento da imprensa, especialmente dos grandes veículos de comunicação. Como a notícia chega às redações? Como as matérias são produzidas? O tempo da imprensa é o tempo da burocracia das organizações? Quais são os limites legais para o exercício do jornalismo? Os repórteres são tendenciosos ou apenas não estão interessados em deixar o board confortável?

Entrevistas

A partir da análise de entrevistas famosas, os executivos são apresentados aos discursos que funcionam e àqueles que podem ser um desastre diante de um jornalista experiente. Da vestimenta à linguagem corporal e o ritmo da fala, o que impacta diretamente na transmissão eficaz da mensagem para transmitir confiança?

Mão na massa

Existe a possibilidade de convidar jornalistas para o media training e colocá-los frente a frente com os executivos para a simulação de entrevistas individuais, coletivas e quebra-queixo, onde são feitas perguntas espinhosas. Nestas situações didáticas, em que a empresa não tem o controle da narrativa, é essencial não perder a calma e manter o foco na mensagem-chave mesmo em situações incômodas. Passar pelo treinamento faz com que, na hora do vamos ver, nada seja novidade para o executivo.

Estratégia para a crise

São inúmeros os casos de executivos que, bem-sucedidos nos negócios a partir do bom relacionamento com seus pares e clientes, pensam estar prontos para lidar e dominar a relação com repórteres em momentos de crise e acabam sendo engolidos pela imprensa. Para gerenciar crises com sucesso é preciso traçar uma estratégia levando em consideração transparência, confiabilidade, eficácia e até silêncios calculados. 

Relacionamento

O treinamento reforça a importância de fomentar constantemente o relacionamento com jornalistas. Ser considerado uma fonte séria e confiável pelos repórteres traz diversas oportunidades de exposição positiva, facilita a aceitação dos temas propostos pelas organizações à imprensa e garante boa vontade na hora das crises.

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Breves reflexões sobre o Summit Press Officer SP

Breves reflexões sobre o Summit Press Officer SP

Há mais de 20 anos, quando entrei no universo da comunicação, ainda na faculdade de jornalismo, me deparei com um preconceito que, infelizmente, ainda persiste: o que afirma que “assessor de imprensa não é jornalista”. Eu já passei anos em redações e outros tantos em assessorias de imprensa (onde me encontro desde 2015 com a Lupacom). E posso dizer por experiência própria que uma função complementa a outra.

E, durante o Summit Press Officer, um baita evento bacana realizado recentemente pela colega Lu Pimentel, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a sentença acima foi o pontapé inicial para uma série de discussões e reflexões sobre o nosso papel, nossas dores e nossas responsabilidades, tanto para quem trabalha em redação, quanto para quem atua nas agências.

O evento, que reuniu profissionais de todas as esferas da comunicação, nos lembrou que a assessoria de imprensa é ser um intermediário estratégico entre a informação e o público, em um cenário onde 79% dos brasileiros consomem notícias de maneira online. Ou seja, ignorar o digital como pilar prioritário é um tiro no pé. É essencial que os assessores de imprensa dominem ferramentas como SEO e IA para acompanhar as demandas do jornalismo moderno.

Segundo o jornalista e pesquisador Cido Coelho, 90% das redações utilizam IA em alguma etapa do processo de criação. Estamos diante de uma revolução que já chegou e não espera por ninguém. Alguns exemplos de uso? Recomendações personalizadas ao público, busca de tendências e até múltiplas versões de um mesmo conteúdo, adaptadas para diferentes audiências. Quem não se adaptar ficará para trás.

Relação tóxica

Mas como podemos, enquanto assessores, melhorar nosso relacionamento com os redatores, que frequentemente se sentem sobrecarregados pelas nossas demandas? A resposta, ao que parece, está na personalização. Como disse Fernanda Lara, da Imax, é necessário estudar cada profissional, entender suas preferências e respeitar seu tempo. E ela não só falou, como demonstrou: presenteou cada participante do evento com um copo térmico personalizado, mostrando que o cuidado com o outro é essencial em qualquer relação. Em tempos de automatização, gestos como esses são lembrados.

E não foi só ela. No painel de Leandro Sobral, da Press Manager, vimos que há um abismo entre agencianos e redacienses – como batizou o ótimo Jorge Soufen Junior – quando o assunto é o meio de comunicação preferido. Enquanto os assessores preferem o WhatsApp, os jornalistas de redação clamam pela padronização do bom e velho e-mail. Parece um detalhe, mas é um exemplo claro de como falhamos na comunicação, ironicamente, entre comunicadores.

Além disso, o Summit deixou claro que precisamos pensar além da assessoria de imprensa tradicional. O Guga Peccicacco, especialista em estratégias de RP, falou sobre a importância de expandir nossos serviços, oferecendo soluções que vão além da assessoria de imprensa. Relações Públicas é muito mais abrangente, e compreender o problema de negócio de cada cliente é fundamental para oferecer um serviço realmente valioso.

Por fim, a grande lição que levo deste evento é a de que precisamos nos reinventar constantemente. Não apenas no uso de novas ferramentas, mas na forma como nos relacionamos. Para se aproximar dos redatores, devemos ter em mente três passos essenciais, segundo Jorge Soufen Júnior: a curto prazo, uma boa pauta fala por si só; a médio prazo, contar com a ajuda de colegas é fundamental, já que muitas pautas são emplacadas com a colaboração de outros profissionais; e, a longo prazo, o relacionamento é a chave. Construir confiança é um trabalho diário e demanda paciência.

A comunicação, assim como o mundo, está em constante transformação. Não se trata apenas de adaptar-se às novas ferramentas e tecnologias, mas de construir relações mais saudáveis, transparentes e eficazes. Como ressaltou o Summit, a comunicação pode – e deve – ser menos tóxica. Está nas nossas mãos fazer isso acontecer.

E você, está pronto para mudar?